A Fonia Aeronáutica e os Hábitos
- Otavio Fontoura
- 12 de mar.
- 5 min de leitura
Como os seus hábitos podem ajudar a dominar a fonia aeronáutica?
O mito de Sísifo
Zeus condenou Sísifo a um castigo eterno no Tártaro, a região mais profunda do submundo. Lá, ele foi forçado a empurrar uma enorme pedra até o topo de uma colina, apenas para vê-la rolar de volta para a base sempre que estava prestes a alcançar o cume.
O que Sísifo tem a ver com Você
Uma das propriedades mais interessantes do cérebro humano é a tendência à inércia, ou seja, tendência a fazer as coisas de uma mesma maneira.
Em geral, as pessoas não gostam de rotinas e por isso não costumam dar muita atenção a elas. Suas rotinas são definidas aleatoriamente, sem escolhas conscientes.
Por serem definidas de forma inconsciente, nem sempre suas rotinas são executadas de forma favorável e vantajosa. Milhares de ações são executadas diariamente de forma contrária aos interesses de quem as executa.
Segundo o Dicionario Online em português, hábito é um comportamento que uma pessoa aprende e repete frequentemente, sem pensar como deve executá-lo.
O cérebro age assim por economia de energia.
Embora seu peso represente somente 2% do peso do corpo de uma pessoa, nosso cérebro consome 20% do oxigênio e 25% da glicose de todo o corpo (Clark & Sokoloff, 1999).
Querendo ou não, é assim que nosso corpo funciona. “Não podemos mudar a direcão do vento, mas podemos mudar a posição das velas”. Da mesma forma, podemos tirar proveito desta característica de nosso cérebro.
William James, médico, filósofo e um dos fundadores da psicologia moderna, ficou impressionado com a complexidade dos hábitos adquiridos e com sua resistência à extinção.
Veja um exemplo
“Houdin, um mágico com o mesmo nome do famoso Houdini, primeiramente praticou a arte do malabarismo com bolas no ar; e tendo, depois de um mês de prática, se tornado um mestre absoluto na arte de manter quatro bolas no ar ao mesmo tempo, colocava um livro a sua frente e, enquanto as bolas estavam no ar, era capaz de ler sem hesitação. Isso, diz ele (Houdin) “pode parecer extraordinário, mas mesmo após 30 anos, e mesmo mal tendo praticado durante esse período, ainda conseguirei ler com facilidade mantendo três bolas no ar.”
Hábitos e Vontade
Os fatores que mais diferenciam o ser humano dos outros animais são: a Inteligência e a Vontade. Embora seja forte em inteligência, o ser humano é fraco em vontade.
William James definia a Vontade como a combinação de atenção (focar a consciência) e esforço (superar inibições, preguiça ou distrações). Não é possível realizar os atos da vontade de forma desatenta.
Lamentavelmente, o cérebro humano não dispõe de um mecanismo interno capaz de mantê-lo focado por muito tempo.
Fortalecendo a Vontade.
Nem sempre é fácil fazer o que se quer. William James sugeriu que um modo simples de desenvolver a vontade é fazer algo inútil todos os dias.
“Seja sistematicamente heróico em pequenas coisas desnecessárias, faça algo todos os dias só pela dificuldade, de modo que, quando a hora da terrível necessidade chegar, você não esteja abatido e destreinado para suportar o teste […].
O Homem que se acostumou com hábitos de concentração da atenção, de energia da volição e de abnegação em coisas desnecessárias permanecerá firme como uma torre quando tudo balançar a seu redor, e quando seus semelhantes mortais, mais delicados, forem carregados como restos pela corrente.”
O ato em si é insignificante, o mais importante é ser capaz de fazê-lo, apesar da ação não ter significância.
No livro “Personalidade e Crescimento Pessoal”, James Fadiman e Robert Frager sugerem um interessante exercício. Pegue uma pequena caixa de fósforos, clipes, percevejos ou balas. Coloque a caixa em uma mesa à sua frente. Abra a caixa. Retire de dentro dela objeto por objeto. Depois feche a caixa. Abra-a novamente. Coloque os objetos de volta na caixa, um por um. Feche a caixa. Repita esse ciclo por cinco minutos.
Anote os sentimentos provocados por esse exercício. Dê especial atenção aos motivos que lhe ocorreram para não completar a tarefa. Se você repetisse esse exercício por vários dias, possivelmente descobriria inúmeros motivos para desistir.
Embora inicialmente a tarefa lhe parecesse difícil, conclui-la seria gradualmente mais fácil. Você também adquiriria um sentimento de força pessoal e autocontrole.
Os motivos que você pode inventar para não fazer esse exercício representam uma lista parcial dos elementos de sua personalidade que inibem sua vontade. Você dispõe apenas de sua vontade para se opor a estes tantos (e excelentes) motivos. Não existe “um bom motivo” para continuar o exercício, além de sua decisão de fazê-lo.
O exercício da “Tarefa Inútil” revela outro aspecto dos problemas associados ao treinamento da vontade, que é a tendência natural da mente a divagar. Se o indivíduo não desenvolver a capacidade de aprender, o conteúdo do ensinamento é de pouca importância.
Enquanto a rotina do aprender não estiver estabelecida, a sugestão é utilizar um mecanismo externo que lhe dê controle sobre as ações de nosso cotidiano que executamos sem perceber.
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